Não tinha ali amigos, no verdadeiro sentido desta palavra: amigos. São coisa rara e que leva tempo. Nem podia vir a tê-los, porque ali até as amizades eram provisórias. Podíamos conviver anos, que aquela sensação de transitório e de instabilidade de tudo e em tudo seria sempre a mesma. Por isso não tinha confidentes. E isto faz falta. É uma válvula de segurança. Faz bem falar nas coisas que nos preocupam. É atirar um pouco delas para fora de nós, e até, muitas vezes, pô-las numa posição nova e vê-las por outro lado. Mas ali, entre aqueles companheiros, não era possível.
E asssim não me libertava daquela obsessão.
FONSECA, Branquinho da, Rio Turvo, Lisboa, Editorial Verbo, s.d., p.p. 50-51.
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