Não existe Europa sem aquilo que fez a Europa: a civilização mediterrânica, greco-romana e judaica. Foi do sul que a luz irradiou para toda a Europa. Quem diz que a Grécia não é sustentável na Europa não sabe nada de história. Julga que pode afastar, sem mais, o país que fundou a democracia, enquanto a Europa do centro e do norte não era mais do que território dos justamente chamados bárbaros. Esquece que o único Império que até hoje existiu no mundo fundado na igualdade de todos perante a lei - de tal forma que a maior aspiração dos povos conquistadores era de obterem a cidadania do conquistador - foi o Império Romano, cuja queda fez mergulhar toda a Europa naquilo a que os historiadores chamaram o longo sono medieval, do qual o continente inteiro só emergiu com o Renascimento Italiano e com a expansão marítima de portugueses e espanhóis. Esse mundo não vai desaparecer, essa herança não se extinguirá nunca.
TAVARES, Miguel Sousa, Não se encontra o que se procura, Lisboa, 2.ª edição, 2015, p. 101.
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