quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Sonhos


Porque dos sonhos tinha ódio. Pensar, devanear, lembrar, imaginar, mesmo supor como tudo poderia ter sido numa vida triunfante e num outro mundo, não era sonho, mas a certeza de que existia, de que as coisas se arrumavam por sua vontade, que a ordem delas e do Mundo era um desconcerto que ele organizava mentalmente. Quando dormia, não sonhava nunca.

SENA, Jorge de, “Super Flumina Babylonis”, Homenagem ao papagaio verde e outros contos de Jorge de Sena, Lisboa, Público, 2004, p. 84.

Sem comentários: