Vários estrangeiros apinham-se na sala do museu para ver o painel, e saem deliciados. Às vezes penso na sorte que têm os turistas quando chegam à minha capital. Conseguem olhá-la com uma frescura e um pasmo, com uma alegria que só a novidade e a distância permitem. Eu também consigo esse concentrado de emoções da descoberta de uma cidade nova quando visito as capitais desses turistas. Mas em Lisboa, apesar de ela ser provavelmente mais bonita, luminosa, temperada e cenográfica do que qualquer outra capital de média dimensão do mundo inteiro, essa frescura não me é permitida. Está gasta.
CADILHE, Gonçalo, Nos passos de Magalhães - Uma biografia itinerante, Cruz Quebrada, 2.ª edição, Oficina do Livro, 2008, p. 27.
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