É que ainda
persistem, no Alentejo, aqueles tipos de homens muito metidos em si, enganosos,
mesquinhos, desconfiados com tudo que os rodeia, egoístas, autoritários, reis
sem coroa a abusarem da consciência alheia, e que exigem, mandam e castigam
carreiros de gente, isolados da humanidade, que têm horror ao progresso porque
o progresso os confunde, que minimizam o trabalho de quem os serve porque o
trabalho os enerva, pagando mal ao campaniço e ao artista, chorando os tostões
que entregam a quem lhes põe no bolso fortunas. Espreitam pelos cortinados da
janela o espectáculo desolador de áreas abandonadas, ou as ruas das vilas, a
ver se passa alguma pessoa que lhes
incomode a vista e dificulte a saída do Mercedes da garagem…
SILVA, Antunes
da, Suão, Livros Horizonte, Lisboa, 7.ª Edição, 1985. p. 9.
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