O Verão tinha sido alegre e saudável. Andava toda a gente pelas ruas a rir e a cantar, mas caíram as primeiras gotas de chuva e foi como se diluíssem e apagassem as cores do mundo. As ruas ficaram desertas e as janelas das casas sempre fechadas. Toda a gente vestiu uns sobretudos pretos e compridos, pôs gravatas escuras, e quem passava ia curvado para o chão, com o passo apressado e o olhar triste (...) a cidade e as gentes tinham tomadao o habitual ar triste e resignado. Passavam vestidos de escuro, porque os trajes claros são só para o Verão, e fugiam para dentro de casa, fugiam...
FONSECA, Branquinho da, O involuntário, Rio Turvo, Lisboa, Editorial Verbo, s.d., p. 132.
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