segunda-feira, 22 de maio de 2023

O Inominável

  Nunca

dos nossos lábios aproximaste

o ouvido; nunca

ao nosso ouvido encostaste os lábios:

és o silêncio,

o duro espesso impenetrável

silêncio sem figura.

Escutamos, bebemos o silêncio

nas próprias mãos

e nada nos une

- nem sequer sabemos se tens nome.


ANDRADE, Eugénio de, Ofício de Paciência, Porto, Assírio & Alvim, 2018, p. 46.

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