segunda-feira, 15 de maio de 2023

Toma o meu corpo

Toma o meu corpo transparente

no que ultrapassa tua exigência taciturna.

Dou-me arrepiando em tua face

uma amaragem nocturna.


Vem contemplar nos meus olhos de vidente

a morte que procuras

nos braços que te possuem para além de ter-te.


Toma-me nesta pureza com ângulos de tragédia.

Fica naquele gosto a sangue

que tem por vezes a boca da inocência.

 

CORREIA, Natália, Antologia poética, Lisboa, D. Quixote, 2013, p. 51.

Sem comentários: