quinta-feira, 31 de julho de 2025
quarta-feira, 30 de julho de 2025
Ode a uma criança
Tu és o futuro, linda criança,
Criatura bela e imaculada.
E trazes contigo a esperança,
De seres neste mundo amada.
Mas reparo em ti e vejo mais,
Nesse teu sorriso inocente.
Vejo o amparo dos teus pais,
E dos pais de outra gente.
Do teu coração emana a pureza,
da maior riqueza do mundo.
onde se abriga a singeleza,
do teu amor profundo.
Por isso, linda criança,
Te invoco nas minhas preces,
A Deus nosso Senhor,
para que haja um mundo de Esperança,
Mais harmonioso e melhor,
Onde encontres o que mereces,
para crescer e viveres, em paz e amor.
RODRIGUES, João de Deus, Como era linda a primavera!, Lisboa, Edições Colibri, 2021, p. 88.
Para a Margarida
Cada árvore é um ser para ser em nós
![]() |
| Passadiço da Comporta |
Cada árvore é um ser para ser em nós
Para ver uma árvore não basta vê-la
A árvore é uma lenta reverência
uma presença reminiscente
uma habitação perdida
e encontrada
À sombra de uma árvore
O tempo já não é o tempo
mas a magia de um instante que começa sem fim
a árvore apazigua-nos com a sua atmosfera de folhas
e de sombras interiores
nós habitamos a árvore com a nossa respiração
Com a da árvore
Com a árvore nós partilhamos o mundo com os deuses
ROSA, António Ramos, Poesia presente - Antologia, Porto, Assírio e Alvim, 2014, p. 319.
terça-feira, 29 de julho de 2025
Querido amigo Evaristo
Está visto
Mora aqui o Evaristo
Vou saber se tem cá disto.
(...)
querido amigo Evaristo
Tu tens por cá montes disto
(...)
E é isto.
Obrigado ó Evaristo
Afinal tu tens cá disto
(...)
Dedico este poema ao meu pai, no seu 90.o aniversário
TORDO, Fernando, Não me tapes o caminho em frente, mesmo que não vá dar ao futuro, Lisboa, Editora Guerra e Paz, 2021, p. 38.
A chave
Seguras nela porque sabes que te defende.
É um espaço só teu, aquele onde tu habitas,
O círculo que se torna único, o interior
de uma palavra. Encontra-se mais próxima
para que possas estar agora acompanhado,
junto de quem te procura. Talvez não saibas,
mas o que ela guarda principia a pertencer-te
como se a tua voz o dissesse. Ela sustenta
o ar para que respires. Sente-o como se torna leve. Esta chave defende-te de ti mesmo.
GUIMARÃES, Fernando, Junto à pedra, Santa Maria da Feira, Edições Afrontamento, 2018, p. 83.
segunda-feira, 28 de julho de 2025
Se as palavras...
Se as palavras caminham é porque têm sede
E querem ser flor espaço e horizonte
Elas descobrem o seu corpo tocando o indizível
mas também são a sombra do seu corpo sobre um muro branco
ROSA, António Ramos, Poesia presente - Antologia, Porto, Assírio e Alvim, 2014, p. 281.
domingo, 27 de julho de 2025
sábado, 26 de julho de 2025
Batucando pela rua abaixo
Nada se escreve sem terror perante o inerte e a plenitude de uma linguagem vã
ROSA, António Ramos, Poesia presente - Antologia, Porto, Assírio e Alvim, 2014, p. 126.
Como dizer-te, meu amor
Como dizer-te, meu amor, somos feitos da poeira das estrelas
Matéria de antiquíssima construção amorosa
Por isso olho-te
Porque olhar-te é tocar a alma crepuscular da noite
conter no peito o inútil gesto
soprar no sangue o coração tardio
RIBEIRO, Rui Casal, Escrever a água, Lisboa, Edições Colibri, 2018, p. 84.
Vejo-te nas borboletas brancas e nos pardais
Vejo-te em todas as flores, em cada colibri
Que passe por acaso perto.
Gosto de pensar que é o teu espírito, só para me dizer olá
A tua presença envolve-me, sempre.
Sinto a tua falta.
E adoro-te também.
REINHART, Lili, A arte de mergulhar, Alfragide, Edições Asa, p. 15.
sexta-feira, 25 de julho de 2025
Quero caminhar somente com o corpo que sou
Não quero esperar,
Não quero navegar num mar fácil de palavras.
Quero caminhar somente com o corpo que sou,
Quero, sem querer, ser o próprio sangue,
músculos, língua, braços, pernas, sexo,
a mesma certeza oculta e única, tantas vezes clara,
a mesma força que nos pulsos aflora, tensa
ROSA, António Ramos, Poesia presente - Antologia, Porto, Assírio e Alvim, 2014, p. 71.

















































