Na
segunda metade do século XVIII, Portugal vive um momento de
aproximação ao movimento científico e cultural que percorre a
Europa das Luzes. A história natural está no centro desse movimento
como fonte de conhecimentos úteis e de recursos económicos. Nesse
contexto, em 1768 foi criado o Real Museu de História Natural e
Jardim Botânico da Ajuda, cujo primeiro director foi Domingos
Vandelli (1735-1816). As colecções vão sendo constituídas de
acordo com os três reinos da Natureza, reunindo exemplares
recolhidos ou adquiridos comercialmente. Porventura, o mais
significativo empreendimento científico e museológico dessa época
foi a realização das viagens
philosophicas
(1783-92), destinadas à inventariação e descrição dos
territórios e dos recursos naturais das colónias. Enriqueceram-se
as colecções e elaboraram-se memórias e relatórios.
Inicialmente destinado à educação e deleite dos príncipes e
família real, o Museu passa a assumir uma dimensão pública em
1798, estando aberto à população um dia por semana e aos alunos e
curiosos de História Natural todos os dias.
Em
1858, D. Pedro V decreta pela Carta de Lei de 9 de Março que “o
Museu de História Natural que foi, por decreto de 27 de Agosto de
1836, transferido para a Academia Real das Sciências de Lisboa,
passa para a Escola Politécnica” e que “as colecções de
zoologia e mineralogia e todos os objectos pertencentes ao mencionado
Museu são incorporados nos gabinetes de zoologia e mineralogia da
mesma escola” e, ainda, que “estes dois gabinetes ficam
constituindo as duas secções do Museu”.
Em
8 de Maio de 1858, José Vicente Barbosa du Bocage (1823-1907), na
qualidade de representante da Escola Politécnica, toma posse das
colecções de mineralogia, paleontologia, conchyologia
e zoologia, bem como de “todas as obras impressas, livros de
registos e inventários, papéis avulsos e mobília diversa, por
serem pertenças do dito Museu de História Natural, e com ele vieram
para a Academia, no ano de 1836, das casas do Jardim Botânico da
Ajuda”. A designação ‘Museu Nacional de Lisboa’, já referida
em Carta de Lei de 1861, é fixada por decreto de 13 de Janeiro de
1862 que estabelece o regulamento do Museu. Em 1875, o Conselho da
Escola Politécnica, alegando já possuir instalações adequadas,
solicita a transferência dos herbários de Brotero, Vandelli,
Welwitsch e Alexandre Rodrigues Ferreira, que tinham permanecido na
Academia,
o que aconteceu pouco tempo depois.
A
reforma do ensino superior de 1911 converte a Escola Politécnica em
Faculdade de Ciências e integra-a na Universidade de Lisboa. O Museu
Nacional permanece anexo à Faculdade. Em 1919, são regulamentadas
as atribuições dos estabelecimentos anexos: “Destes
estabelecimentos um dos mais importantes, pela quantidade e qualidade
dos exemplares que constituem as suas colecções é o Museu
Nacional, com as suas três secções (….). Devem, sem dúvida,
estes estabelecimentos continuar anexos à Faculdade de Sciências
(...) mas autónomos pelo que respeita às suas funções. Institutos
de investigação scientífica, nos quais não só há a fazer
estudos de taxinomia [sic], mas experiências e indagações em todos
os ramos das sciências naturais puras e aplicadas (...). Tal
objectivo é completamente diverso das funções de ensino dos
cursos; pode ser dele complemento, mas não parte integrante, sob
pena de nem os cursos nem o Museu Nacional satisfazerem o fim a que
devem visar. É consequência lógica da sua índole esta
independência, o que não importa que o Museu não auxilie o ensino,
pelo contrário, mas nas condições e modo próprio à sua feição.”.
O Decreto nº 12:492 de 14 de Outubro de 1926 consigna a designação
‘Museu Nacional de História Natural’ (MNHN) e autonomiza cada
uma das secções do Museu que passam a constituir outros tantos
estabelecimentos anexos à Faculdade de Ciências.
Fonte: http://www.mnhnc.ulisboa.pt/portal/page?_pageid=418,1391594&_dad=portal&_schema=PORTAL
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