domingo, 14 de setembro de 2014

Museu Nacional de História Natural e da Ciência


Na segunda metade do século XVIII, Portugal vive um momento de aproximação ao movimento científico e cultural que percorre a Europa das Luzes. A história natural está no centro desse movimento como fonte de conhecimentos úteis e de recursos económicos. Nesse contexto, em 1768 foi criado o Real Museu de História Natural e Jardim Botânico da Ajuda, cujo primeiro director foi Domingos Vandelli (1735-1816). As colecções vão sendo constituídas de acordo com os três reinos da Natureza, reunindo exemplares recolhidos ou adquiridos comercialmente. Porventura, o mais significativo empreendimento científico e museológico dessa época foi a realização das viagens philosophicas (1783-92), destinadas à inventariação e descrição dos territórios e dos recursos naturais das colónias. Enriqueceram-se as colecções e elaboraram-se memórias e relatórios. Inicialmente destinado à educação e deleite dos príncipes e família real, o Museu passa a assumir uma dimensão pública em 1798, estando aberto à população um dia por semana e aos alunos e curiosos de História Natural todos os dias.
 
Em 1858, D. Pedro V decreta pela Carta de Lei de 9 de Março que “o Museu de História Natural que foi, por decreto de 27 de Agosto de 1836, transferido para a Academia Real das Sciências de Lisboa, passa para a Escola Politécnica” e que “as colecções de zoologia e mineralogia e todos os objectos pertencentes ao mencionado Museu são incorporados nos gabinetes de zoologia e mineralogia da mesma escola” e, ainda, que “estes dois gabinetes ficam constituindo as duas secções do Museu”. 

Em 8 de Maio de 1858, José Vicente Barbosa du Bocage (1823-1907), na qualidade de representante da Escola Politécnica, toma posse das colecções de mineralogia, paleontologia, conchyologia e zoologia, bem como de “todas as obras impressas, livros de registos e inventários, papéis avulsos e mobília diversa, por serem pertenças do dito Museu de História Natural, e com ele vieram para a Academia, no ano de 1836, das casas do Jardim Botânico da Ajuda”. A designação ‘Museu Nacional de Lisboa’, já referida em Carta de Lei de 1861, é fixada por decreto de 13 de Janeiro de 1862 que estabelece o regulamento do Museu. Em 1875, o Conselho da Escola Politécnica, alegando já possuir instalações adequadas, solicita a transferência dos herbários de Brotero, Vandelli, Welwitsch e Alexandre Rodrigues Ferreira, que tinham permanecido na Academia, o que aconteceu pouco tempo depois.

A reforma do ensino superior de 1911 converte a Escola Politécnica em Faculdade de Ciências e integra-a na Universidade de Lisboa. O Museu Nacional permanece anexo à Faculdade. Em 1919, são regulamentadas as atribuições dos estabelecimentos anexos: “Destes estabelecimentos um dos mais importantes, pela quantidade e qualidade dos exemplares que constituem as suas colecções é o Museu Nacional, com as suas três secções (….). Devem, sem dúvida, estes estabelecimentos continuar anexos à Faculdade de Sciências (...) mas autónomos pelo que respeita às suas funções. Institutos de investigação scientífica, nos quais não só há a fazer estudos de taxinomia [sic], mas experiências e indagações em todos os ramos das sciências naturais puras e aplicadas (...). Tal objectivo é completamente diverso das funções de ensino dos cursos; pode ser dele complemento, mas não parte integrante, sob pena de nem os cursos nem o Museu Nacional satisfazerem o fim a que devem visar. É consequência lógica da sua índole esta independência, o que não importa que o Museu não auxilie o ensino, pelo contrário, mas nas condições e modo próprio à sua feição.”. O Decreto nº 12:492 de 14 de Outubro de 1926 consigna a designação ‘Museu Nacional de História Natural’ (MNHN) e autonomiza cada uma das secções do Museu que passam a constituir outros tantos estabelecimentos anexos à Faculdade de Ciências.


Fonte:  http://www.mnhnc.ulisboa.pt/portal/page?_pageid=418,1391594&_dad=portal&_schema=PORTAL

Sem comentários: