As geografias antigas dizem: Lisboa, cidade antiga rica e forte: ali o ar é melhor que em qualquer sítio de Espanha. Está sobre sete montanhas à beira do Tejo. Long. 9.30, lat. 38.42".
O ar é na verdade bom. Lisboa tem ainda meiguices primitivas de luz e de frescura: apesar dos asfaltos, das fábricas, dos gasómetros, dos cais, dos alcatrões, ainda aqui as Primaveras escutam os versos que o vento faz: sobre os seus telhados ainda se beijam as pombas: ainda no silêncio, o ar escorre pelas cantarias. como o sangue ideal da melancolia. E Deus ainda não é um poeta impopular.
QUEIROZ, Eça de, Lisboa, Crónicas e cartas, Lisboa, Editorial Verbo, 1972, p. 15.
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