terça-feira, 28 de maio de 2019

Sonhar


Tenho muita pena dos que sonham o provável, o legítimo e o próximo, do que dos que devaneiam sobre o longíquo e o estranho. Os que sonham e são felizes, ou são devaneadores simples, para quem o devaneio é uma música da alma, que os embala sem lhes dizer nada. Mas o que sonha o possível tem a possibilidade real da verdadeira desilusão.  

Bernardo Soares – Páginas do livro do Desassossego, Lisboa, Ática, 2009, p. 18.

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