quinta-feira, 13 de junho de 2019

Lisboa

Jardim do Palácio Fronteira


- continuaremos a viver neste país à beira-mar beira-ruas
parando diante das entradas dos cinemas
olhando o beira-cais beira-porto e Beirute onde nunca iremos.
E Lisboa em fumos de alcova santa
meu jardim de águas suspensas Lisboa agora Lisboa do
nosso delírio
Lisboa em sons roucos de violino desértica cidade do
aborrecimento
rosto distendendo-se para morrer Lisboa
devorando-se Lisboa serpente ou magia de um espelho
que nos devolve patéticos reflexos do rosto
que se debruça sobre a noite de um rio.

BERTO, Al, Apresentação da noite, Lisboa, Assírio & Alvim, 2006, página 57.

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