segunda-feira, 9 de junho de 2025

Não digas nada, beija

Na sombra, que dizes?

Brilham teus olhos tristes

Húmidos de amor que procuras.

A boca entreaberta como a carne

Que, fresca, estremece e aquece nos meus dedos.

Não digas nada, beija

o beijo que em meus lábios 

te curva a cabeça sobre o ombro

como a cintura nos meus braços quebra.

Se me pertences, beija;

Se não pertencerás mais do que agora,

beija.

Na sombra, que dizes?

PT

SENA, Jorge de, Post-Scriptum, Porto, Assírio e Alvim, 2023, p. 47.

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