terça-feira, 24 de junho de 2025

Não posso adiar o coração

Não posso adiar o amor para outro século 

Não posso

Ainda que o grito suficiente na garganta 

Ainda que o ódio estale e crepitar e arda

Sob montanhas cinzentas

E montanhas cinzentas


Não posso adiar este abraço

Que é uma arma de dois gumes

Amor e ódio 


Não posso adiar 

Ainda que a noite pese séculos sobre as costas 

E a aurora indecisa demore

Não posso adiar para outro século a minha vida

Nem o meu amor

Nem o meu grito de libertação 


Não posso adiar o coração 


ROSA, António Ramos, Poesia presente - Antologia, Porto, Assírio e Alvim, 2014, p. 30.

Dedico-te estes versos XPTO, faz hoje 4 anos que te conheci, numa noite de São João/  apanhaste-me o coração/  mas tive de adiar o coração/ luto por não querer dizer não/  ao professor que chumba por olvidação...

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