A verdade é aparentemente simples. Faz-nos
lembrar o sal. Chega trazida pela água, afasta-se
por vezes com as ondas, mas sempre esperamos
por ela. Entre os dedos espalha-se a areia,
a sua fragilidade, talvez um vestígio que se perde
ao longe. Há quem se aproxime para conhecer
a verdade, esse gosto salgado, os seus cristais. Depois
é ali que descansa para que a água do mar
contorne a luz que existe à sua volta e venha reflectir
a sua própria imagem. Sem ter pressa, agora
prossegue o seu caminho, como se tivesse deixado
cair noutras mãos o sal, encontrada a verdade.
GUIMARÃES, Fernando, Junto à pedra, Santa Maria da Feira, Edições Afrontamento, 2018, p. 9.
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