sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Uma rosa de fogo

A tarde estava bêbada de tanto sol


Não havia no ar uma palavra

única de tão branca

que não enchesse mais o teu sorriso


ias ao sabor do remo cautelosamente 

da barca abrindo a água cautelosamente 


ardias


Então o vinho derramou-se pelo dia 

E pelas águas  fomos, recolhendo lumes

Pedaços de alegria dispersos pela brisa 

e tu ardias de tanto mar a arder


estendida ao peso do teu sonho

como uma rosa aberta ao fogo

tranquilamente ardias.


RIBEIRO, Rui Casal, Escrever a água, Lisboa, Edições Colibri, 2018, p. 17.

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