A tarde estava bêbada de tanto sol
Não havia no ar uma palavra
única de tão branca
que não enchesse mais o teu sorriso
ias ao sabor do remo cautelosamente
da barca abrindo a água cautelosamente
ardias
Então o vinho derramou-se pelo dia
E pelas águas fomos, recolhendo lumes
Pedaços de alegria dispersos pela brisa
e tu ardias de tanto mar a arder
estendida ao peso do teu sonho
como uma rosa aberta ao fogo
tranquilamente ardias.
RIBEIRO, Rui Casal, Escrever a água, Lisboa, Edições Colibri, 2018, p. 17.
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