sexta-feira, 12 de agosto de 2011

CAIS PALAFÍTICO



Obra-prima da arquitectura popular, o cais palafitico da Carrasqueira, único da Europa, é construído de estacas de madeira irregular, aparentemente frágeis, das décadas de 1950 e 1960, que servem de embarcadouro aos barcos de pesca que ali acostam. Ora estão enterradas no lodo, ora na água, segundo as marés.Integrada na reserva natural do Estuário do Sado, a aldeia ribeirinha conserva uma impressionante rede de estacaria que se estende centenas de metros pelos esteiros lamacentos do rio Sado.


Ponto de atracção turística, é um dos locais mais visitados no concelho, o cais continua, no entanto, a cumprir a missão para que foi construído: permitir o acesso dos pescadores aos barcos, mesmo durante a baixa-mar. Ao longo dos diversos cais erguem-se pequenas casas construídas em madeira, que servem de arrecadações.

A Carrasqueira tem no seu Porto Palafita, uma estrutura precária e labiríntica, a principal imagem de marca. Trata-se de uma rede de passadiços enterrada no lodo do sapal que entra rio Sado adentro, cujas embarcações de pesca ora estão no lodo aquando da maré baixa, ora a baloiçar nas água ao sabor do vento. Assusta caminhar por cima, numa ameaça constante de desmoronamento, mas a sua longevidade confirma a resistência da estrutura.

A poucos quilómetros da Comporta, Carrasqueira é um daqueles locais de visita obrigatória, antes da praia. Os habitantes da aldeia da Carrasqueira dividem a labuta diária entre a faina do mar e o amanho da terra. A primeira pesca foi a apanha de amêijoas de cabeça (que eram vendidas a pessoas que se deslocavam à aldeia e aí as compravam).

Depois as pessoas começaram a comprar ostras. Foi esta pesca que trouxe um grande desenvolvimento à Carrasqueira. Pelo que houve a necessidade de arranjar condições para acolher o crescente número de pescadores e respectivas embarcações. E para que a pesca fosse possível, importava criar um acesso à água que não ficasse condicionado ao vai e vem das marés. É que, em situação de maré cheia a água atingia e às vezes galgava o “muro de maré” que defendia os terrenos agrícolas, para depois recuar na maré vazia algumas dezenas, senão centenas, de metros, entrepondo uma barreira de lodo entre a terra e a água.


Assim, escolhida que foi a melhor localização, no final de uma vala de drenagem dos terrenos agrícolas, dois pescadores lembraram-se de espetar uma estaca na borda do muro e puseram umas tábuas por cima para passarem. Os pescadores foram-se assim juntando dois a dois, constituiriam o seu bocado, espetavam mais estacas adiante do que estava e punham tábuas por cima, sendo que cada pescador atracava os barcos no seu lado. Este foi um processo evolutivo que prolongou o emaranhado de estacas e tábuas por centenas de metros. Isto passou-se nos anos 50/60 e os pescadores eram poucos então.



Reconhecendo no Estuário um manancial de riqueza tão próximo, as populações locais foram evoluindo no seu aproveitamento, abraçando cada vez mais a pesca como actividade mais lucrativa, mas sem abandonarem por completo a agricultura (a agricultura era a actividade dominante, enquanto a pesca inicialmente não era mais do que um complemento dos parcos rendimentos que a agricultura de latifúndio permitia aos trabalhadores).



FONTE: http://www.skyscrapercity.com/archive/index.php/t-837860.html E http://www.cm-alcacerdosal.pt/PT/Concelho/Patrimonio/PatrimonioArquitectonico/Civil/Paginas/CaisPalafiticodaCarrasqueira.aspxCARRASQUEIRAVila

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