A maior parte do tempo, porém, o que nós partilhávamos era o silêncio. E isso
eu aprendi contigo, porque não sabia. Para mim, o silêncio era sinal de
distância, de mal-estar, de desententimento. Ao princípio, quando ficávamos
calados muito tempo, eu sentia-me inquieta, desconfortável, e começava a falar
só para afastar esse anjo mau que estava a passar entre nós.
Um dia tu disseste-me:
- Cláudia, não precisas de falar só porque vamos calados. A coisa mais
difícil e mais bonita de partilhar entre duas pessoas é o silêncio.
TAVARES, Miguel Sousa, No teu deserto - quase romance, Alfragide, Oficina do Livro, p. 97.
TAVARES, Miguel Sousa, No teu deserto - quase romance, Alfragide, Oficina do Livro, p. 97.
Sem comentários:
Enviar um comentário