Presépio. Palavra que nos leva a tempos idos e a mais uma festa que se aproxima. Confronto entre passado, presente e futuro, levando-nos muitas vezes à agitação e não à introspecção. Ao debruçar-me sobre ela sinto-me conduzida ao recolhimento, à simplicidade e ao silêncio respeitador de um nascimento.
Recordado ano após ano, perde por vezes o sentido ao longo de outros tantos.
Escrito, desenhado, pintado, declamado, esculpido, representado ou
simbolizado
Segundo lendas, culturas, religiões e posses.
É uma espera ansiosa para que essas construções e lembranças tornem vivos os
corações.
Para partilharem o amor, a paz, a alegria e a bondade.
Inflame-se o mundo a cada segundo que nasce uma vida e renasce a esperança
para a salvação. A simbologia do presépio renasce em cada ponto do mundo, em
cada berçário, casa, mata, curral, rico ou pobre; é o primeiro grito dessa
vida, que mais um presépio nasce no nosso coração.
Olhemos então para dentro de nós e busquemos essa centelha. Voltemos ao
nosso presépio, que é a nossa cabana, o nosso berço espiritual e façamo-nos
sentir a urgência do brilho da luz que ilumina o nosso caminho e aí, se cada um
o fizer, todos os caminhos serão iluminados.
VENTURA, Dina,
Apelo in AAVV, Presépios, Casal de Cambra, Caleidoscópio, 2005, p. 21.
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