domingo, 14 de setembro de 2025

Sou o quê?




Sou a pobreza ilimitada de uma página.

Sou um campo abandonado. A margem

Sem respiração.


Mas o corpo jamais cessa, o corpo sabe

a ciência certa da navegação no espaço, 

o corpo abre-se ao dia, circula no próprio dia,

o corpo pode vencer a fria sombra do dia.


Todas as palavras se iluminam

Ao lume certo do corpo que se despe,

Todas as palavras ficam nuas 

Na tua sombra ardente.


ROSA, António Ramos, Poesia presente - Antologia, Porto, Assírio e Alvim, 2014, p. 72.

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