Compreender não é procurar no que nos é estranho a nossa projecção ou a
projecção dos nossos desejos. É explicar o que se nos opõe, valorizar o que
até aí não tinha valor dentro de nós. O diverso, o inesperado, o antagónico é que
são a pedra de toque dum acto de entendimento. Ora o Alentejo é esse diverso,
esse inesperado, esse antagónico. Tudo nele é novo e bizarro para quem o
visita. Os arcos, as silharias, as abóbodas e os coruchéus das suas casas; a
açorda de coentro e o gaspacho de alho e vinagre das suas refeições. ... o
que tem interesse é precisamente revelar aos olhos, ao paladar e aos ouvidos a
novidade dessas descobertas. Mostra-lhe a originalidade de uma vida que se
passa ao nosso lado e tem o inesperado de uma aventura.
TORGA, Miguel, Portugal, Alfragide, 10.ª edição, Leya, 2015, pp. 87-88.
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