Não sei ao certo quanto tempo passei dentro do labirinto, olhando para
encardernações finas e grossas, para os volumes que se seguiam a outros volumes,
para os códigos e letras de referência que decoravam as lombadas. Todos aqueles
livros me eram desconhecidos, nunca ganhara o hábito de ler. Imaginei o que
seria um homem ler todos os volumes da bilbioteca, e surgiu-me a imagem de uma
criança a crecser afogada em livros, do princípio ao fim, vivendo a vida de
outros em páginas, sabendo tudo e não sabendo nada.
TORDO, João, O
livro dos homens sem luz, Temas e Debates, Lisboa, 2004, p. 27.
Sem comentários:
Enviar um comentário