quarta-feira, 31 de dezembro de 2025

Há ocasiões

Há ocasiões em que ao final do

Dia pouco sobra para além das mãos que

Nos despem a roupa por caridade e nos

apagam a luz


Há ocasiões em que o balanço sabe a 

nada ou sabe a nojo e o amanhã fica

refém de uma véspera de sargeta


Há ocasiões em que o sol se deixa

abraçar ao contrário e nos ensombra a

alma em entardeceres sucessivos


Há ocasiões em que o quebranto adormece

connosco e desaprende de

despertar


Há ocasiões 

SOUTO, António, A Seiva dos dias e outros poemas, s.l., Europeus, 2021, p. 74.

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