terça-feira, 30 de dezembro de 2025

Nada

 Afastar-me da multidão 

Entrar num quarto vazio 

e de repente esquecer o porquê de

Ali ter ido, para começar. 


Não fazer nada 

parar

puxar pela cabeça em busca de sinais

à espera que me digam o que fazer. 

No lado receptor do rádio 

estático. 


Vaguear por aí, em passo lento

a tentar estimular o cérebro para

que se lembre da ordem.


Permitir que os meus olhos pousem em todas

as peças de tecido no armário.


Olhar os cabelos finos junto

ao cimo da cabeça no

espelho da casa-de-banho. 


Nada.


REINHART, Lili, A arte de mergulhar, Alfragide, Edições Asa, p. 115.

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