quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Porque aceitei

Ah dorme e sonha que eu estou acordado,

Sonhar as pétalas da flor vermelha azul depois do amor

Havia abrir das pétalas 

E dorme aonde ali onde não esperaste...

E não magoaste mais saber de mim,

o teu descanso, o teu ondulamento...

a presença firme da minha ansiedade 

a confiança dela em nós, em mim, em ti,

a esperança que ela tira à nossa cavalgada

para depor nos braços do correr descalços 

o nome doirado pelo segredo

pela ternura de mais outro ofegar humilde,

hoje mesmo essa ilusão tranquila entre as ribeiras gentis

e o som agudo entre as escarpas do perdão sanguíneo,

violentamente 

amor

violentamente

porque aceitei não te dizer porquê,

porque aceitei olhar no teu olhar e não ver nada

além do nosso bafo no metal polido...

(...)


SENA, Jorge de, Perseguição, Porto, Assírio e Alvim, 2021, p. 72.

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