domingo, 16 de novembro de 2025

Clandestino

Na penumbra da tarde,

O mundo morto,

A meu passo, despertava.


Não era o amor

que eu procurava.

Buscava o amar.


Na casa em ruínas,

Te despidas

Para que me deixasse cegar.


Voz transpirada,

suplicavas que te chamasse no escuro.


Em ti, poré,

eu amava

Quem não tem nome.


Na casa casa arruinada

te amei e te perdi

como a ave que voa

Apenas para voltar a ter corpo.


Na penumbra da tarde,

tu me ensinaste a nascer.


Na noturna claridade

me esqueci

que nunca havias nascido.


COUTO, Mia, Tradutor de chuvas, 3.a edição, Alfragide, Editoral Caminho, pp. 14-15.

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