Se eu sou nada esse nada deseja
Ser e só no amor encontra a consistência
Que envolve o nada que o acolhe e o liberta
Para ser oferenda a ti deus ignorado
O que eu sou é pouco para ti e é demais
e só o zero em mim é o teu círculo
e só no seu silêncio está o teu nome
Nada sabendo de ti sei que és o Simples
e se de ti não ouço o mais leve murmúrio
é porque tu habitas o silêncio de todos os silêncios
E é por esse silêncio que morro e ressuscito
ROSA, António Ramos, Poesia presente - Antologia, Porto, Assírio e Alvim, 2014, p. 303.
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