O início do olhar, a dimensão das coisas
E a sombra à volta, o próprio corpo,
As casas, a largura do céu, ao longe um rio.
Encontramos depois aquilo que existe
dentro de nós mesmos, para principiarmos
a descansar. Adormecemos. A noite
vem ao nosso encontro e com ela chegam
outras imagens. São mais leves, trazem-nos
de um rio a água, do céu a transparência,
das casas o que era o seu acolhimento,
do corpo a inquietude. De tudo isto fica
também o esquecimento, uma outra imagem
que é a do nada. Julgamos ter sonhado,
mas foram os ramos da noite que tocaram
O nosso rosto. Feriram-no. Acordamos assim
GUIMARÃES, Fernando, Junto à pedra, Santa Maria da Feira, Edições Afrontamento, 2018, p. 73.
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