Há muitas palavras
Palavras como silêncios e
Silêncios como palavras
quando não são urgentes as palavras
nunca tardam e chegam sempre a tempo
a tempo de se mostrarem boas ou más
de ferirem ou aveludarem a pele dos sentidos
à vez
Com elas encerramos o dia e
disfarçamos todos os estorvos
com elas nos deitamos e sufocamos os
sonhos que desaproveitámos
com elas alindamos a terra e cavamos a sepultura
com elas fazemos a paz
fazemos a guerra
há muitas palavras
adiáveis todas
SOUTO, António, A Seiva dos dias e outros poemas, s.l., Europeus, 2021, p. 95.
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