Só muito tarde percebi que
O nosso amor era apenas um
Inquilino temporário da nossa pele
Roubado sabe-se lá a quem
Até ao dia em que disseste tenho pressa
E aquela espessura transparente que
Só na cama as almas ganham
Desapareceu como se descesse
Sem ruído as escadas das nossas noites
E do que restava dos nossos corpos
- peças roídas de engrenagens vazias
Que te habitavam até saíres de mim
Como de um lugar incómodo.
VIEIRA, Alice, Olha-me como quem chove, Lisboa, Publicações D. Quixote, 2018, p. 22.
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