Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo,
E apesar disso, crês? Nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.
(...)
Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de inverno.
(...)
Eu não sei se é amor. Será talvez comeco.
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.
PESSANHA, Camilo, Clepsidra, Lisboa, Guerra e Paz, 2021, p. 55.
Sem comentários:
Enviar um comentário