domingo, 16 de novembro de 2025

Eu não sei se é amor

Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,

Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo,

E apesar disso, crês? Nunca pensei num lar

Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.


(...)


Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo

A tua cor sadia, o teu sorriso terno...

Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso

Que me penetra bem, como este sol de inverno. 


(...)


Eu não sei se é amor. Será talvez comeco.

Eu não sei que mudança a minha alma pressente...

Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,

Que adoecia talvez de te saber doente.


PESSANHA, Camilo, Clepsidra, Lisboa,   Guerra e Paz, 2021, p. 55.

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